Ministério

Parte I
Luciano Motta

"Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras" (Colossenses 4.17).

O capítulo final do livro de Colossenses, a partir do verso 7, pode ser uma leitura um tanto tediosa ou dispersiva, se você a fizer sem prestar atenção no que está escrito ali. Mais do que palavras de saudação ou instruções aos irmãos, Paulo cita homens como você e eu, que perseveraram na fé e foram usados poderosamente por Deus naqueles dias. Vamos aprender com eles sobre o que é "Ministério":

"TÍQUICO, irmão amado e fiel ministro, e conservo no SENHOR, vos fará saber o meu estado; o qual vos enviei para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console os vossos corações" (4.7,8)

Tíquico acompanhou o apóstolo durante algum tempo, desde a Macedônia a Jerusalém (At 20.15,38). Esteve em Roma com Paulo, achando-se este na prisão. A linguagem destes versículos leva-nos, naturalmente, à suposição de que Tíquico e também Onésimo foram os portadores da epístola aos Colossenses. As palavras que se lêem em Ef 6.21,22 dão-nos a idéia de que ele, na mesma viagem, levou a epístola aos Efésios, a qual foi uma espécie de carta circular dirigida às igrejas da Ásia. Quando Paulo escreveu a epístola a Tito (3.12), estava ele já, segundo parece, com o apóstolo em Nicópolis (provavelmente em Epiro) e a ponto de ser mandado à Creta.

Tíquico é mencionado também em 2 Timóteo 4.12, epístola escrita por Paulo em Roma durante o segundo encarceramento. Andou, evidentemente, associado com o grande apóstolo em alguns dos mais críticos episódios de sua vida, pois é chamado de "amado" e "fiel ministro"; alguém capaz de "consolar".

Ministério é amar e ser fiel, não importando as circunstâncias; é dar o ombro e chorar com os que choram; é ser amigo e ter atitudes que visem a comunhão com os outros.

"Juntamente com ONÉSIMO, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa" (4.9)

Este nome significa "Proveitoso". Onésimo foi um escravo de Colossos, que fugiu da casa do seu senhor, que era cristão. Indo para Roma, foi convertido ao Cristianismo por Paulo. Depois da sua conversão, Onésimo voltou para seu amo, chamado Filemom, levando uma carta de Paulo.

Ministério é perdoar e pedir perdão; é "aproveitar" as oportunidades de crescimento geradas pela obediência e submissão; é prestar contas aos seus líderes.

"ARISTARCO, que está preso comigo, vos saúda..." (4.10)

Judeu de Tessalônica e companheiro de viagem de Paulo, pela primeira vez mencionado em Atos como tendo sido arrebatado pelo povo no tumulto de Éfeso (At 19.29). Foi um dos delegados daquelas igrejas que contribuíram ‘para os santos’ de Jerusalém, e acompanhou a esta cidade o apóstolo Paulo na sua terceira viagem missionária (At 20.4 - veja 1 Co 16.1 a 4 - e 2 Co 8.9).

Navegou com Paulo desde Cesaréia à Roma (At 27.2) e estava com o apóstolo quando este escreveu dali a Filemom e à igreja de Colossos, falando de Aristarco como seu cooperador, bom amigo, e ainda como seu companheiro de prisão (Fm 24). Podemos supor que os companheiros de Paulo se revezavam em compartilhar voluntariamente do seu cativeiro, pois na epístola a Filemom (23, 24) somente Epafras é indicado como companheiro de prisão e na epístola aos Colossenses somente Aristarco.

Ministério é caminhar junto com o líder e com a equipe; é abraçar a visão e os sonhos que Deus esteja gerando.

"...e MARCOS, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o" (4.10)

Marcos era judeu e tinha tomado um nome romano, achando-se identificado com ‘João, cognominado Marcos’ (At 12.12,25) - era sobrinho (primo?) de Barnabé e filho de Maria, que residia em Jerusalém (At 12.12). Marcos foi, provavelmente, convertido à fé cristã pelo ministério de Pedro (1 Pe 5.13), que costumava freqüentar a casa de sua mãe (At 12.12). Ele acompanhou, desde Jerusalém até Antioquia, a Paulo e Barnabé (At 12.25), e dai partiu com eles para uma viagem missionária - mas deixou-os antes de a completarem (At 13.5,13). Seis anos depois deste acontecimento não quis Paulo levá-lo consigo em outra viagem - e então Marcos acompanhou Barnabé à Chipre (At 15.38,39). Todavia, quando Paulo estava preso em Roma, era já Marcos considerado um auxiliador dele e é mencionado de uma maneira que bem mostra que ele tinha reconquistado a estima do apóstolo (Cl 4.10 - 2 Tm 4.11 - Fm 24).

Ministério é dar uma segunda chance a si mesmo e ao outro, pois todos somos falhos; Deus é poderoso para nos transformar e nos levantar de novo.

"E JESUS, chamado Justo; os quais são da circuncisão; são estes unicamente os meus cooperadores no reino de Deus; e para mim têm sido consolação" (4.11)

Jesus significa "Salvador" - é a forma grega do nome Josué, o filho de Num. Também em Atos 7.45 (e Hb 4.8) escreve Paulo afetuosamente de ‘Jesus, conhecido por Justo’. Este Jesus, um cristão, foi um dos cooperadores do apóstolo em Roma, e bastante o animou nas suas provações.

Ministério é ter uma vida de justiça e santidade, de modo que as pessoas vejam o seu testemunho e glorifiquem a Deus.

"Saúda-vos EPAFRAS, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis" (4.12,13)

Cristão, natural de Colossos, e fundador da igreja colossense (Cl 4.12 - e l.7). Paulo lhe chama ‘amado conservo...e fiel ministro de Cristo’ (Cl 1.7), e honra-o com aquele título que em outro lugar reservou somente para si e Timóteo, isto é, o de ‘servo de Jesus Cristo’ (Cl 4.12). Tinha ido a Roma com o fim de levar a Paulo notícias a respeito dos seus convertidos, sendo a epístola aos Colossenses a resposta ‘aos santos e fiéis irmãos em Cristo, que se encontram em Colossos’ (Cl 1.2). Aparentemente estava ele preso junto com o Apóstolo Paulo, embora possa ser figurada a expressão ‘prisioneiro comigo, em Cristo Jesus’ (Fm 23).

Ministério é combater; é guerrear nas regiões celestes através de constante intercessão pelo líder e pela equipe; é se colocar na brecha e clamar a Deus por força, unidade e unção.

"Saúda-vos LUCAS, o médico amado..." (4.14)

Lucas foi o companheiro de Paulo e, segundo a quase unânime crença da antiga igreja, escreveu o Evangelho que é designado pelo seu nome, e também os Atos dos Apóstolos. Ele é mencionado somente três vezes pelo seu nome no N.T. (Cl 4.14 - 2 Tm 4.11 - Fm 24). Pouco se sabe a respeito da sua vida. Têm alguns julgado que ele foi do número dos setenta discípulos, mandados por Jesus a evangelizar (Lc 10.1) - outros pensam que foi um daqueles gregos que desejavam vê-lo (Jo 12.20) - e também considerando que Lucas é uma abreviação de Lucanos, já têm querido identificá-lo com Lúcio de Cirene (At 13.1). Dois dos Pais da igreja dizem que era sírio, natural de Antioquia. Não parece ter sido de nascimento judaico (Cl 4.11). Era médico (Cl 4.14). Ele não foi testemunha ocular dos acontecimentos que narra no Evangelho (Lc 1.2), embora isso não exclua a possibilidade de ter estado com os que seguiam a Jesus Cristo. Todavia, muito se pode inferir do emprego do pronome da primeira pessoa na linguagem dos Atos.

Parece que Lucas se ajuntou a Paulo em Trôade (At 16.10), e foi com ele até à Macedônia - depois viajou com o mesmo apóstolo até Filipos, ficando provavelmente ali por certo tempo (At 17.1). Uns sete anos mais tarde, quando Paulo, dirigindo-se a Jerusalém, visitou Filipos, Lucas juntou-se novamente com ele (At 20.5). Se Lucas era aquele ‘irmão’, de que se fala em 2 Co 8.18, o intervalo devia ter sido preenchido com o ativo ministério. Lucas acompanhou Paulo a Jerusalém (At 21.18) e com ele fez viagem para Roma (At 21.1). E nesta cidade esteve com o apóstolo durante a sua primeira prisão (Cl 4.14 - Fm 24) - e achava-se aí também durante o segundo encarceramento, precisamente pouco antes da morte de Paulo (2 Tm 4.11). Uma tradição cristã apresenta como pregando o Evangelho no sul da Europa, encontrando na Grécia a morte de um mártir.

Ministério é compartilhar aos outros de Cristo; é anunciar até a morte as virtudes Daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

"...e DEMAS" (4.14)

Do grego, uma abreviatura de Demétrio (popular): 1- Fabricante de pequenas relíquias de Diana, em Éfeso, representando provavelmente a deusa colocada dentro de um nicho de prata. Era costume essas relíquias com a imagem de Diana serem trazidas pelas pessoas, ou postas nas casas, servindo de amuletos ou de sortilégios. Eram facilmente compradas pelos que visitavam o famoso templo. Demétrio foi causador de uma grande gritaria contra Paulo, quando este apóstolo pregou o Evangelho em Éfeso - Demétrio pensava, com razão, que com essas doutrinas da religião cristã corria perigo o negócio de fazer representações da deusa (At 19.24). 2- Um convertido de quem João faz o elogio, e que vivia em Éfeso, ou perto desta cidade (3 Jo 12).

Ministério é abandonar completamente as obras mortas e viver a nova vida de Cristo.

"E dizei a ARQUIPO: Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras" (4.17)

Arquipo não estava em Colossos, mas como ministro da igreja na casa de Filemon (Filemom 2). Ele estava, todavia, suficientemente próximo para que lhe entregassem uma mensagem.

Nós, também, como Arquipo, não tivemos a oportunidade de estarmos próximos de Paulo, mas recebemos estas instruções hoje pela Palavra de Deus. Somos exortados pelos exemplos de vida destes irmãos a perseverarmos, a enfrentarmos todas as oposições, a nunca deixarmos de olhar para o Autor e Consumador da nossa fé: Jesus!

Ministério é serviço. Um servo segue as ordens de seu senhor. Nós seguimos às ordens de Cristo, o nosso Rei. Temos um chamado. Todos temos parte no Corpo - isso nos demanda responsabilidade e entrega. E qual é o propósito de todo este serviço? Ana Paula Valadão nos diz algo muito precioso em seu blog:
"...uma palavra sobre o chamado. Sobre o motivo pra viver e fazer o que fazemos. "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (João 17:4). Essa afirmação de Jesus deve, e será, a minha também. E cada cristão precisa buscar cumprir esta obra para a qual foi enviado a este mundo. Cumpri-la cabalmente trará glória ao nosso Deus e Pai.

E é por esta causa que renuncio a outras opções de vida. É por isso que não posso negociar ou comprometer o meu chamado. Eu estou disposta a cumpri-lo, ainda que me custe a reputação, pois muitas pessoas podem não entender algumas atitudes (...)"

Tudo o que somos e o que fazemos é para a glória de Deus! Nosso ministério é para a glória de Deus! É um grande privilégio ser chamado por Ele para servi-Lo, doando o nosso tempo, usando nossos talentos e dons, sacrificando um pouco de nós mesmos pelo Reino.

Atenta para o seu ministério. É uma jóia de Deus sob os seus cuidados. Cumpra o que Ele determinou para você fazer e faça com excelência. Cuide das coisas de Deus e Ele cuidará de tudo para você.

* Fonte de pesquisa: Dicionário Bíblico - BibliaOnLine.net.

* Este estudo é parte da série: Colossenses 3 e 4. Leia também: Busca e Morte.

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