Barnabé


Série: Levitas - parte 1

Luciano Motta

A palavra "levita" nos remete imediatamente aos ministérios de louvor e adoração, aos músicos das igrejas, às pessoas que servem a Deus no templo, no altar.

Notamos que a maioria dos estudos voltados para esses ministros fala de Davi e de como ele estabeleceu os levitas para ministrarem diante do Senhor com cânticos, serviço e adoração contínuos. Os Salmos e os livros de Samuel e de Crônicas são os mais usados nas aplicações e nas mensagens destinadas aos levitas. Também o tabernáculo de Moisés e as narrativas de Êxodo e Números são bastante aplicadas.

Começo hoje a percorrer um caminho diferente. Não desprezo de forma alguma o que já li e aprendi até aqui. Moisés e o tabernáculo, Davi e seu ministério levítico sempre serão fontes preciosas. O que desejo nesta nova série no Betesda.Blog é apresentar a vida e o exemplo de alguns levitas da Bíblia não tão destacados e estudados, ou pelo menos não associados ao ensino de levitas na igreja. Muitos desses homens marcaram a sua geração com atitudes simples, que nos ensinam como vale a pena ser comprometido com Deus e com o chamado que recebemos Dele.

É uma série dirigida àqueles que ministram ao Senhor na área do louvor e da adoração. Mas obviamente entendo que não há mais levitas como um povo separado, especial, tal qual no Velho Testamento. Todos somos levitas. Todos somos sacerdotes. Todos somos especiais e temos um chamado do Senhor. Portanto, esta série se aplica a todo aquele que se dispõe a servir a Deus em qualquer área. Espero que você seja edificado e que leve estes princípios para a sua equipe, na sua igreja.

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A igreja primitiva havia acabado de passar por uma grande adversidade: Pedro e João presos por pregarem o Evangelho. Depois de interrogados pelo sinédrio, foram soltos sob uma condição: que não falassem mais de Jesus.

Porém os apóstolos e aqueles primeiros cristãos se reuniram e clamaram ao Senhor por ousadia e poder, para que continuassem a levar as boas novas do Evangelho. Diz a Palavra que "tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus" (Atos 4.31).

Eles tinham um mesmo coração. Todas as coisas lhes eram comuns. "Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha" (At 4.34-35).

É nesse contexto que conhecemos Barnabé. Vamos começar a aprender com sua vida:

1- Um levita destacado pelo seu caráter

A Bíblia o apresenta como José, levita, natural de Chipre. São os apóstolos que passam a chamá-lo de Barnabé, que significa "filho da consolação" (At 4.36).

O nosso caráter, o que somos por dentro, sempre vem na frente do nome que temos, do cargo que ocupamos e de nossas origens/formação. Muitos músicos se baseiam apenas na sua capacidade técnica, ou porque tiveram um professor de renome, mas quando abrem a boca são tão vazios! Ótimos na musicalidade, porém péssimos no convívio com outras pessoas. Destacados pelo mau testemunho, pela espiritualidade superficial. Como levitas precisamos ser destacados pela vida de Jesus em nós.

2- Um levita em sintonia com o Corpo de Cristo

A igreja primitiva vivia um momento de grande liberalidade e generosidade. Barnabé participa e também contribui (At 4.37). Ele não fica de fora da obra que Deus estava realizando ali.

Um levita precisa estar em sintonia com o mover e a direção de Deus na igreja local. Deve andar em concordância com os líderes. É comum ouvirmos que "obedecer é melhor do que sacrificar" mas às vezes a obediência é exterior, apenas para cumprir um dever ou para ficar bem com os outros. Sim, é mais importante obedecer, desde que de coração, em confiança com o que está sendo proposto e em amor.

Dízimos, ofertas, contribuição, liberalidade, empatia... palavras inexistentes no vocabulário de muitos levitas. Quantos estão à margem das campanhas de alimentos ou dos movimentos em direção aos necessitados! Quem pensa só em si não sabe o que é servir. Deus não quer o nosso dinheiro, Ele quer o nosso coração, a nossa entrega. Temos crido que Ele suprirá as nossas necessidades ou confiamos apenas no que temos no bolso ou na conta bancária?

3- Um levita discipulador

Barnabé acreditou na conversão de Paulo e o tomou como discípulo quando muitos duvidavam de sua conversão (At 9.26-29). Também foi designado para cuidar da igreja em Antioquia, uma igreja nova e em grande expansão (At 11.19-23). Naquela cidade cuidou e exortou os irmãos na fé.

O caráter discipulador de Barnabé se mostra ainda no episódio em que se aparta de Paulo para permanecer com João Marcos, com quem o apóstolo havia tido problemas (At 15.36-41). Tempos depois, lemos nas epístolas que João Marcos foi levantado novamente e reintegrado ao serviço, mencionado pelo próprio Paulo como alguém muito útil em seu ministério (2 Tim 4.11, Col 4.10).

Todos temos esse chamado ao discipulado. Jesus nos deixou este mandamento (Mateus 28.18-20). Existem vários perfis na igreja: novos convertidos, afastados do Evangelho, pessoas problemáticas ou marcadas por um passado de desavenças e pecados. Nossos olhos devem contemplar o propósito de Deus na vida dos outros além do que mostra o presente. Só assim poderemos levar as pessoas a crescerem na fé através do discipulado.

É tempo de se levantarem levitas que cuidam de outras pessoas, não apenas de seus próprios instrumentos, de seus próprios interesses.

4- Um levita cheio da presença de Deus

A Bíblia descreve Barnabé como um homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé. Por causa de seu testemunho e de suas ações, muita gente se uniu ao Senhor (At 11.24). Ele foi parceiro de Paulo na primeira viagem missionária, depois de um tempo de jejum e oração (At 13.1-4).

Quantos tem se achegado a Deus por causa de seu testemunho, de sua fé? A presença de Deus é o que nos faz diferentes do mundo. Porque somos todos pecadores, somos todos dependentes do Senhor.

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