desertoSAINDO DO DESERTO:
MORTE OU CONQUISTA

Por Luciano Motta

Depois de superar o Mar Vermelho e seguir definitivamente em direção à terra prometida por Deus, o povo de Israel começa a enfrentar seu maior desafio: o deserto. Eles chegam ao deserto do Sinai no terceiro mês da saída do Egito (Êxodo 19.1) e só saem de lá depois de dois anos! (Números 10.11-12, leia também Números 33.15-16 que mostra a trajetória de Israel até Canaã).

É possível acompanhar o que viveu Moisés, Arão e o povo naqueles dias, lendo a partir de Êxodo 19, todo o livro de Levítico e Números até o capítulo 10. Seguindo a descrição bíblica dos fatos, o tempo no deserto do Sinai foi intenso - e pelo menos 5 coisas quero destacar: 1) os dez mandamentos e todas as leis de Deus para Israel; 2) o bezerro de ouro e a separação dos de Levi; 3) a glória de Deus sobre Moisés; 4) as instruções para o tabernáculo de Moisés; 5) a consagração dos sacerdotes e dos levitas.

Ou seja: este tempo de deserto foi de muito ensino, mandamentos, demonstração do zelo e do cuidado de Deus para com seu povo, a revelação e a manifestação da glória do Senhor. Mas aconteceram também momentos de pecado, de ira do Senhor, desejando mesmo o extermínio daquele povo duro e infiel, a ponto de Moisés interceder por eles. Houve morte e destruição, perdas e dores.

Assim como foi com Israel, também existem momentos em nossas vidas de grande oscilação, de altos e baixos, de glória de Deus e de pecados que entristecem o Pai. Estes momentos são desertos que passamos e representam tempos de revermos nossas motivações, de olharmos para cima aos invés de focarmos nas situações. O deserto é um tempo de aproveitarmos o que Deus deseja nos ensinar com as lutas. É na sequidão que damos valor à água. É em meio aos problemas que valorizamos mais Aquele que nos ama e batalha por nós.

Aqueles dois anos foram oportunos para crescimento e amadurecimento de Israel. Mas o que vemos nos dias seguintes à saída do deserto do Sinai são de grande ensinamento para nós e revelam o que NÃO devemos fazer quando estivermos saindo de momentos de lutas e provações:

TABERÁ - o fogo da ira do Senhor se acendeu entre eles, por causa da MURMURAÇÃO (Números 11.1-3). Não existe coisa mais terrível para um pai do que ter seus filhos falando no seu ouvido, lamentando, reclamando em um momento de dificuldade, quando deveriam estar buscando junto ao pai uma forma de resolver o problema! Pode imaginar como Deus se sentiu? Ele tirou o povo de uma terra seca, onde eram escravos, para os levar a uma terra fértil, que mana leite e mel, realizando sinais e prodígios, deixando para o povo mandamentos para seu próprio bem. E o que Deus recebe de volta? Murmuração.

Quer acender a ira de Deus quando estiver deixando seu tempo de deserto? Reclame. Diga para Ele que a vida que você tinha antes de conhecê-Lo era melhor. Lamente não estar mais escravo do pecado, não estar mais carregando pesos e fardos! Lamente Jesus ter morrido em seu lugar, te libertando, tirando todo peso de sua vida e hoje te conduzindo com sinais e prodígios rumo a um lugar melhor em sua vida!

QUIBROTE-TAAVÁ - ali foi sepultado o povo que desejou outro alimento, por REJEIÇÃO AO SENHOR (Números 11.34, leia todo o contexto deste capítulo). O passo seguinte ao murmurador é rejeitar a Deus e todas as suas obras. Enquanto o murmurador é um inconseqüente em suas palavras e sentimentos, aquele que rejeita ao Senhor é louco e caminha para a sua própria perdição.

Existem muitas coisas que Deus lança sobre a sua vida diariamente, repetidamente, como aquele maná, te alimentando, suprindo a necessidade de seu dia: amor, graça, provisão, livramento, etc.. Mas assim como aquele povo tinha que buscar todos os dias aquele maná, também você e eu devemos buscar ao Senhor e tudo o que Ele nos dá diariamente. Obviamente, o amor de Deus é tão grande por nós, que mesmo sem a nossa busca, Ele nos abençoa. Mas quão tremendo e maravilhoso é para o Pai encontrar seu filho diariamente buscando a Sua Face! Jesus disse que há recompensa para quem se reserva e o procura em oração (Mateus 6.6).

Como estamos falando aqui sobre a saída de um tempo de deserto, é vital que você e eu busquemos a Face de Deus. Por isso digo que é louco aquele que rejeita ao Senhor, pois assim como aquele povo, estará caminhando para a morte.

Também foram enredados na REBELDIA, que começou nos líderes Arão e Miriam (Números 12), passando depois a Coré, Datã e Abirão e, por fim, se espalhando entre grande parte do povo (Números 16). Murmuração, rejeição ao Senhor, e agora... rebeldia! Deixar o deserto para muitos pode significar orgulho. Podem pensar: "não é qualquer um que passa dois anos em um deserto!" ou: "estou mais forte, posso enfrentar as circunstâncias, não dependo do líder pois se passei pelas mesmas coisas, sou tal qual o líder".

A rebeldia representou a queda de satanás e é comparado à feitiçaria (1 Samuel 15.23). Por mais doloroso que tenha sido o tempo de deserto em nossas vidas, por mais que tenhamos aprendido e vivido coisas tremendas (estando nossos líderes conosco ou não), jamais este espírito rebelde deve ganhar espaço em nós! Ainda somos dependentes de Deus e da sua vontade, ainda estamos sob a liderança de alguém que o próprio Deus permite e constitui sobre nós. Se você está saindo do tempo de deserto, observe quem o Senhor está levantando como líder para te guiar rumo ao seu novo tempo de vida e agarre-se a ele! Os homens e mulheres que Deus levanta para nos guiar são bênção e a eles devemos respeito e submissão (Hebreus 13.17)

caminho deserto
A conseqüência de tantos tropeços e pecados na saída do deserto do Sinai leva o povo de Israel a uma atitude covarde quando prestes a entrar na terra prometida. O Espírito que está em nós não é de covardia ou de temor, mas de ousadia (2 Timóteo 1.7). É o Espírito Santo que habita em nós! Uma das características daquele que teme a Deus é a fidelidade, a confiança em Deus, que tudo pode!

A murmuração, a rejeição ao Senhor e a rebeldia fizeram daquele povo pessoas com um CORAÇÃO INFIEL. E por causa disso, o Senhor converteu cada dia dos espias na terra prometida em um ano! Então, 40 dias se transformaram em 40 anos e toda aquela geração que saiu do Egito, que atravessou o deserto, morreu sem alcançar a nova terra (Números 14.34-35).

Com duas exceções: Josué e Calebe (Números 14.30) foram os únicos que não retrocederam diante dos desafios da terra prometida. Porque...
1) Certamente não murmuraram, mas fixaram os olhos em Deus.
2) Não rejeitaram ao Senhor, por entenderem que Ele sempre tem o melhor para seus filhos.
3) Não foram rebeldes, mas permaneceram fiés à liderança de Moisés e à vontade de Deus.

caminho verde
Josué era da tribo de Judá (que significa "louvor") e Calebe era da tribo de Efraim (que significa "o Senhor me fez prosperar no tempo da minha aflição"). É assim, com louvor e reconhecimento do cuidado de Deus para com a sua vida, que você deve sair do deserto. Este é o caminho para a conquista de uma nova terra, de um novo tempo em sua vida! Deus sempre tem o melhor para os seus filhos!

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