Uvas bravas?



Luciano Motta

Em Isaías 5.1-4,7 encontramos um cântico profético para a nação de Israel, que retratava a situação do povo de Deus. Mas essas palavras se aplicam às nossas vidas hoje:

1 Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.
2 E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.
3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?
7 Porque a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.

O profeta fala de um outeiro fértil (v.1), que representa a nossa vida. Somos como um pequeno monte, uma boa terra, onde Deus trabalha com Suas próprias mãos. Ele cava e limpa o campo do nosso coração (v.2). Todo aquele que um dia recebeu a Cristo como Senhor e Salvador passa pelo processo de Deus, de transformação e regeneração do caráter, de limpeza das pedras e entulhos deste mundo.

A torre (v.2) fala de segurança e proteção. Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro na hora da angústia, das dificuldades. Ele envia anjos para nos livrar. Ele mesmo se levanta em nosso favor. Os inimigos fogem da presença de Deus em nós.

Também constrói um lagar (v.2), um tanque para espremer as uvas. Deus trabalha o campo, prepara o nosso coração, a nossa vida, para produzirmos e multiplicarmos. A expectativa do Pai é que cresçamos muitíssimo! Ele nos dá capacidade criativa, força para vivermos nossos dias fazendo o melhor, produzindo coisas novas, avançando, ampliando nossos limites!

Porém... O que Deus vê no fim da colheita são uvas bravas. A expectativa do Pai era a melhor possível. Ele fez de tudo pela vinha, por nós (v.4). Ele nos amou, investiu em nós, para que nos tornássemos excelentes para Ele e para o Seu Reino. Deus esperou justiça e retidão, mas viu opressão e clamor (v.7).

Uvas bravas? O que deu errado?

O processo de Deus em nós é cíclico, como as colheitas. Para se manter produtivo, todo campo passa pelo trabalho de preparo da terra, de semeadura e de plantio. A terra recebe cuidados especiais; às vezes fica um tempo em repouso.

Assim também é conosco. Para que possamos continuar alinhado aos planos de Deus, Ele mesmo cuida de nós e, com amor, trabalha o nosso coração, cava, limpa, semeia. Do contrário, viveríamos acomodados, confortáveis em nossa zona de conforto, sem ambições maiores e melhores, sem crescimento, sem multiplicação.

É justamente da rejeição desse processo que nascem as uvas bravas.

Rejeitamos o processo do trabalho da terra, da limpeza. Quantos sinceramente estão dispostos a passar por um processo de ajustes e correções no caráter, de enfrentar novos e antigos medos, de tratar pecados ocultos e imperfeições, de superar marcas e feridas passadas que Deus pode trazer de volta à tona para uma cura definitiva, porém sofrida...?

Rejeitamos a segurança da torre. Partimos para empreitadas sem consultarmos a Deus, tocamos nossos ministérios e deixamos o Senhor de lado. Esquecemos que tudo o que temos e o que somos é Dele e vem Dele. Passamos por frustrações e angústias porque não buscamos a Deus antes das decisões. Caímos em ciladas e armadilhas porque desprezamos a Torre Forte: o nosso Deus.

Rejeitamos o lagar. O tempo em que as uvas estão prontas para serem espremidas. O tempo em que situações difíceis acontecem e nos apertam: provações, adversidades, enfermidades, crises... O lagar é como um vale. No entanto, não é como o deserto, é mais breve. Mas, convenhamos: Queremos passar por tempos assim?

Posso garantir: todos passam pelo processo de Deus. Neste exato momento, muitos estão sendo limpos; outros, experimentando a segurança da torre. Alguns estão vivendo uma fase de aperto, de serem espremidos.

A maneira como vamos percorrer todo o processo é que determina o que vamos produzir: um bom vinho ou um amargo vinagre. Não rejeite o tratamento de Deus. Espere Nele. Mesmo que as coisas apertem, creia que Ele está cuidando de você!

* Leia também: Qual é o nome do seu vale?

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