Dias proféticos: Zacarias, Isabel e João Batista


Luciano Motta

No último post falei de forma breve a respeito dos dias proféticos que estamos vivendo. As convulsões nas nações e no planeta demonstram que está chegando o Dia do Senhor. Jesus está voltando! Ele vem para estabelecer o Seu Reino aqui na terra. Antes, porém, se levantará uma geração como João Batista, que caminhará no mesmo espírito de Elias. Será radical quanto aos desígnios de Deus e irá preparar o caminho da volta de Cristo.

Tal geração, para se mover no impossível de Deus, será gerada a partir da impossibilidade, do sobrenatural, como foi com João Batista e seus pais Zacarias e Isabel. Encontramos a história em Lucas 1.5-25,57-80 e nela baseamos esta palavra.

Isabel era estéril (v.7). Zacarias estava ministrando o seu sacerdócio quando o anjo Gabriel apareceu e lhe anunciou que haveriam de ter um filho: "Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João. Ele será motivo de prazer e de alegria para você, e muitos se alegrarão por causa do nascimento dele, pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento. Fará retornar muitos dentre o povo de Israel ao Senhor, o seu Deus. E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor" (v.13-17).

Zacarias, porém, não acreditou: "Como posso ter certeza disso? Sou velho, e minha mulher é de idade avançada" (v.18). Por causa de sua incredulidade, ficou mudo (v.20). Só tornou a falar depois que João Batista nasceu, e então louvou ao Senhor (v.64).

Há muitos paralelos com os dias atuais. A geração que está se levantando no mesmo espírito de João Batista tem pais estéreis e incrédulos. Talvez nunca antes houve uma geração cristã tão vazia de fé e confiança em Deus como a do presente século. Há escassez de uma fé sólida e genuína em Cristo. O amor tem se esfriado. Famílias estão destruídas. Multidões vão após sinais de homens que a Palavra denuncia como falsos profetas, enganadores (Mateus 24.24). Igrejas sofrem pela falta de zelo e de equilíbrio entre as três testemunhas: "o Espírito (dons), a água (Palavra) e o sangue (comunhão)" (veja 1 João 5.6-8).

Zacarias ficou mudo porque se agarrou a uma questão: sua idade e de sua mulher eram avançadas demais para terem um filho. Não é verdade que a mensagem da igreja ficou velha, caduca, repetida, irrelevante, infrutífera? Fala-se tanto sobre fé, mas quantos continuam agarrados aos seus cartões de crédito na hora do aperto! Prega-se sobre uma vida de abnegação em prol do Senhor, e tantos crentes continuam presos a TV e ao entretenimento, enchendo suas cabeças de imagens e sensações que só fazem extinguir o fogo do Espírito. Troca-se a simplicidade do Evangelho por estratégias, eventos e movimentos que cansam e desgastam, campanhas que infelizmente mais acorrentam do que libertam. Essas coisas - e muitas outras - representam esse evangelho mudo, que não diz absolutamente nada a respeito de Cristo e do Reino.

A esterilidade é vencida pela vida de Deus, que vem pelo arrependimento. Ainda há muitas obras da carne, muitas ações movidas por emoções e euforia, mas como falta o fruto do Espírito! A geração profética dos últimos dias nascerá nesse contexto, e romperá com tudo isso pela vida abundante do Espírito Santo, pelo modo como serão separados, nazireus (v.15). Homens e mulheres no mundo inteiro tem se alinhado ao espírito que converte o coração dos pais a seus filhos e dos filhos a seus pais. O Espírito Santo está intervindo na história. Está em andamento uma revolução no interior da Noiva!

Ao engravidar, Isabel se reserva. Durante cinco meses ela "não saiu de casa" (v.24). Vivemos o tempo da gestação, da espera, de se fazer coisas mínimas, básicas, para depois realizarmos grandes obras. Não sair de casa aponta para a família. Certamente Deus quer movimentar algumas coisas "do lado de fora", Ele realmente quer a Sua igreja brilhando a Sua Luz nas trevas deste mundo. Mas Ele chama a nossa atenção para o seguinte: seja obediente e fiel nas coisas mínimas, aquelas que não aparecem nos holofotes, que não dão status, tais como: amar sua família, cumprir suas obrigações, pagar suas contas, ser íntegro, desenvolver sua vida devocional, valorizar o SER antes do FAZER... Isso é ser fiel no pouco. Contudo, são as bases, os fundamentos do Reino de Deus.

Esse tempo de espera se repete em muitas passagens da Bíblia. Jesus começou seu ministério somente aos trinta anos de idade. Os discípulos aguardaram o Espírito Santo durante cerca de quarenta dias depois de Cristo subir aos céus. O apóstolo Paulo levou cerca de quatorze anos antes de começar efetivamente seu ministério de levar o Evangelho a todo o mundo conhecido de sua época. Sem dúvida, esses e outros homens e mulheres de Deus passaram esse tempo de espera obedientes ao Senhor, crescendo em fé e em graça, sendo fiéis nas pequenas coisas. Não ficaram sem fazer nada. Foram assim preparados para grandes realizações.

Zacarias profetizou a respeito de Jesus e João Batista (v.67). Suas palavras falam também sobre esta geração profética dos últimos dias, um povo que foi liberto com um propósito bem definido: "para servi-lo sem medo, em santidade e justiça, diante dele todos os nossos dias" (v.74-75). Uma geração de servos, não de estrelas cadentes. Uma igreja santa e justa, semelhante a Cristo.

De João Batista, Zacarias profetizou: "será chamado profeta do Altíssimo, pois irá adiante do Senhor, para lhe preparar o caminho, para dar ao seu povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão dos seus pecados, por causa das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais do alto nos visitará o sol nascente para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho da paz" (v.76-79). Assim se portará essa geração profética nesses dias!

...

Marcadores: