A lição dos corvos
Thais Monteiro Brum
“...Eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem” (I Rs 17:4b).
Seu nome era Elias, o profeta. Homem também. Uma só pessoa, duas realidades. A realidade do espírito (sensível a Deus) x a da carne (sensível às circunstâncias).
Nos últimos dias estive abatida. Foram dias confusos e dolorosos. Posso testemunhar muitas vitórias em várias áreas da minha vida, mas quanto ao meu calcanhar de Aquiles, meu espinho na carne (2 Co 12:7), ele ainda está aqui me espetando. E quando tudo já estava difícil, vem uma notícia pior. Um tiro certeiro do diabo? Não! Uma grande sacada de Deus! Ele sempre acerta! E como sempre, encontrei a resposta na Palavra. Em I Reis 17:1-6, vemos o cenário caótico de Israel sendo impactado pela dura profecia de Elias: “Não choverá, nem cairá orvalho nesta terra...” (v.1). Era Deus agindo em sua vida para curar o povo da idolatria. Só que o deserto também o afetaria. Por amor, o Senhor lhe manda ir para o oriente esconder-se junto ao ribeiro de Querite (v.3). Deus lhe avisa que ele deveria beber do ribeiro, mas o alimento sólido viria de corvos enviados por Ele.
É aqui que eu quero chegar. Não fosse o aviso de Deus, Elias teria se assustado ao ver os corvos chegando. São aves sombrias, sinal de maus presságios. Elias já estava sozinho, com fome, vendo seu povo padecer e ainda surge “aquilo”? Era a ultima coisa que ele gostaria de ver! Pra completar, corvos são necrófagos (gostam de coisas mortas). Ele poderia pensar: “Acabou, vou morrer”. Mas junto àquelas figuras feias, estava o seu sustento. Nós vivenciamos isso. Estamos no deserto, sofrendo e quando parece que vai melhorar, vem noticias piores! A gente entra em crise. Mas Elias tinha de sobra o que por vezes nos falta. Elias tinha a direção de Deus, o olhar dEle sobre o seu deserto. Sua intimidade com Deus lhe trouxe entendimento (Sl 25:14): ”Parece assustador, filho, mas sou Eu agindo. Confie.”
Nós só esperamos boas notícias, mas os desertos dessa terra sempre nos afetarão. Sempre teremos um calcanhar de Aquiles, um espinho na carne, uma situação onde Deus parece ainda não ter agido. Nesses desertos, precisamos entender que somente a graça nos basta (2Co12:9). Não é Deus dizendo, indiferente à nossa dor: “Pare de reclamar! Já ta de bom tamanho a graça!”. Mas sim que precisamos passar por alguns desertos, há um propósito e a única coisa suficiente pra nós nesse momento é a Graça de Deus (I Pe 3:15).
Num mundo mascarado, quase nada é o que parece (Jr 17:9). Coisas “boas” como dinheiro e fama podem nos levar a um eterno estado de morte (Rm 8:5,6a). Mas aquilo que às vezes nos assusta, se enfrentarmos, nos amadurece. E vamos sendo guiados a um eterno estado de vida. Quero aprender com os corvos espirituais! Situações que me apavoram, mas que servem para o meu amadurecimento e me aproximam da única coisa realmente boa, perfeita e agradável: A vontade de Deus (Rm 12:2).
Você pode orar como Jesus: “Se possível for, passa de mim este cálice” mas que a sua oração também termine como a dEle: “sobretudo seja feita a Tua vontade” (Lc 22:42). Confusos? Talvez. Confiantes? Sempre! Porque Deus é bom!
Marcadores: reflexões de outros ministérios
postado por Luciano Motta | 12 agosto 2008 10:40 |
0 comentário(s):
Postar um comentário
<< Home